segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"um dia você vai estar sozinho, vai fechar os olhos e tudo estará negro, os números de sua agenda passarão claramente na sua frente e você não terá nenhum para discar.
sua boca vai tentar chamar alguém, mas não há alguém solidario o bastante para sair correndo e te dar um abraço, ou te colocar no colo e acariciar seus cabelos até que o mundo pare de girar.
nessa fração de segundos, quando seus pés se perderem do chão, você vai se lembrar da minha ternura e do meu sorriso infantil.
virão súbitas memórias dos meus abraços e beijos, da minha preocupação com você, e só vão ter algumas músicas repetindo no seu rádio: as nossas.
em um novo momento, você vai sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vai torcer bem forte para ter o nosso mundinho delicioso de novo.
o nome disso é saudade, aquilo que eu tinha tanto e te falava sempre. e quando você finalmente discar meu numero, ele estará ocupado demais, ou nem será mais o mesmo, ou até mesmo que eu não queira mais te atender. e se você bater na minha porta ela estará muito trancada, e se aberta estiver, mostrará uma casa vazia. seus olhos te ensinaram o que são lagrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto. o nome do enjoo que você vai sentir é arrependimento, e a falta de fome que virá chama-se tristeza. então quando os dias passarem e eu não te ligar, quando nada de bom te acontecer e ninguém te olhar com meus olhos encantados, você encontrará a famosa solidão. a partir daí o que acontecerá chama-se surpresa. e provavelmente o rémedio para todas essas sensações acima é o tal do tempo em que você tanto falava." 
(Tati Bernardi)

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